Última parte da análise das obras
O naturalismo ainda se revela nos textos dos autores quando utiliza uma linguagem agressiva atribuindo características animalescas ao ser humano, ou ainda, mostrando o lado escondido e escuro de cada um de nós.
É possível então recordarmos de uma das três grandes desilusões que a humanidade sofreu, conhecidas como feridas narcisistas, quando Charles Darwin afirmou que o homem não foi criado à semelhança de Deus e ele era sim uma conseqüência do processo evolutivo das espécies, ou seja, a raça humana nunca ocupou um lugar privilegiado na natureza.
Em seus textos, Rubem Fonseca mostra a crua realidade humana a partir da violência que existe dentro de cada um, seja ela, física ou psicológica; e também costuma analisar como as pessoas tratam o fisiológico delas, como por exemplo, na obra Secreções, excreções e desatinos (19), onde é feita uma crítica do homem a partir do fisiológico de cada um, tratando o tema como se fosse algo externo a eles, com asco e vergonha.
Rubem Fonseca descreve seus personagens com riqueza dos detalhes, utilizando temáticas urbanas, violência e ironia, a partir de uma narrativa dinâmica, com reflexões inteligentes, dando a impressão que dentro de cada personagem criado existe uma angústia de viver e convidando o leitor a entrar na cena relatada.
Já Dos Anjos parece demonstrar em seu livro que não era uma pessoa feliz, não conheceu um grande amor, ou ainda, que não tinha uma perspectiva de vida. Em sua única obra, o poeta fornece ao leitor uma sensação nostálgica, instigando o leitor a questionar qual é o verdadeiro sentido da vida.
Após ler alguns poemas é possível entender que na verdade a vida não possui sentido, que nós é que temos que dar sentido a ela. O sentido encontrar-se em estar vivo, é a experiência de viver a dor ou o prazer, é como uma busca pela liberdade, levando-nos a uma viagem, fazendo escapar lágrimas de nossos olhos, retratando a nossa raiva, a nossa melancolia, o nosso sarcasmo, o nosso consolo, a nossa inspiração.
Podemos então entender como o naturalismo se encontra presente nos textos de Augusto dos Anjos e de Rubem Fonseca, a partir um olhar diferenciado de quem observa, compreendendo o mundo sobre outro ângulo, retratando de modo aberto e objetivo, diferentes temas.